O rapaz do caixote de madeira, de Leon Leyson


Ficha técnica
TítuloO rapaz do caixote de madeira
Autor – Leon Leyson
Editora – Editorial Presença
Páginas – 188
Datas de leitura – de 16 a 19 de janeiro de 2018

Opinião

Quem salva uma vida salva o mundo inteiro” (inscrição extraída do Talmude)

Vi pela primeira vez o filme A lista de Schindler há mais de vinte anos e não consigo recordá-lo sem que as lágrimas me marejem os olhos e sem que um nó se instale na minha garganta. São mais de três horas de película a preto e branco sobre “(…) Oskar Schindler, esse homem complexo e cheio de contradições – oportunista nazi, intrigante, corajoso, rebelde, salvador, herói – [que salvou] cerca de mil e duzentos nazis de uma morte quase certa.” (pág. 132). São mais de três horas que nos ferem e nos torturam, que me fizeram morder os lábios, os dedos, as mãos, que me deixaram sem reação, atónita e completamente exaurida. Creio que poucos filmes tiveram em mim o efeito que A lista de Schindler teve, talvez porque Spielberg foi brilhante ao transpor para a sétima arte um retrato cru e sem filtros do que foi o Holocausto, o extermínio do povo judeu nas mãos dos nazis e um lampejo de esperança e de humanidade de alguém que, mesmo estando no lado do inimigo, “(…) pode levantar-se contra o mal e fazer a diferença.” (pág. 162)
Leib Lejson (conhecido mais tarde como Leon Leyson) era o número 289 da lista de Schindler. Uma lista onde figuravam os judeus que deixariam de estar no “inferno de Plaszów” (campo de trabalho às portas de Cracóvia) e ingressariam num subcampo adjacente às instalações da fábrica Emalia, pertencente a Oskar Schindler. À força de persuasão e subornos a compatriotas nazis, o empresário convencera-os de que era do interesse do partido e da guerra que os trabalhadores vivessem paredes meias com a fábrica e não tivessem que percorrer duas vezes a distância considerável que separava a fábrica de Plaszów. Arriscando a sua própria vida, o único nazi que conheço que está sepultado em território israelita tratou “os seus judeus” como seres humanos, empregou um rapazinho franzino e débil, que tinha que empoleirar-se num caixote de madeira virado ao contrário para poder manobrar os comandos da máquina, deu-lhe uma ração suplementar e tudo fez para que não se visse separado dos seus familiares e para que não perdesse a vida nas mãos dos seus congéneres do partido. Arrancou-os do campo de Plaszów, do campo de Auschwitz e só os abandonou quando a guerra já estava perdida para os alemães e corria perigo de ser capturado pelos soviéticos. Mas “Não conseguiu partir sem se despedir, e reuniu os seus judeus uma última vez.” (pág. 131) Deixou-os livres. Deixou-os vivos.
Leon Leyson confessa no epílogo desta obra que reúne as suas memórias que o filme A lista de Schindler mudou a sua vida, que até ao momento do seu lançamento permanecera em silêncio acerca do seu passado, mas que a adaptação cinematográfica de algo tão intimamente ligado a si, ao seu passado e ao da sua família, o fez quebrar esse silêncio e partilhar a sua vida, a sua experiência traumatizante como criança judia sobrevivente do Holocausto com todos aqueles que o quisessem ouvir. Fê-lo inúmeras vezes, para distintos públicos e sem nunca preparar o que iria dizer e relembrar.
Dessa partilha resultou este livrinho que me tocou profundamente, que me fez recordar imagens do filme de Spielberg e o quanto as mesmas me violentaram e que me obrigou a engolir a vergonha que sempre sinto quando me deparo com o facto de que o Homem, um ser racional, tem comportamentos indignos, desprezíveis e infinitamente piores do que os dos animais. Essa partilha transportou-me ainda para o país onde as garras exterminadoras do ideal ariano deixaram marcas mais nefastas. Estive na aldeia natal de Leon e sobretudo na cidade de Cracóvia, na qual o nosso protagonista viveu em tempos de paz e em tempos de inferno. Percorri ao seu lado as ruas dessa cidade histórica, senti como se fosse meu o deslumbramento de Leon perante os testemunhos da sua riqueza medieval e acima de tudo encolhi-me de dor, de compaixão e de revolta quando tudo aquilo que ele foi descobrindo nas suas deambulações pelos recantos de Cracóvia lhe foi vedado por muros de mais de três metros e que o mantinham cativeiro num gueto desumano e aterrador.
Nenhuma leitura que aborde o Holocausto me deixa indiferente. Não poderia deixar. Mas quando as mesmas são de testemunhos verídicos, a repulsa, o tolhimento e a vergonha atormentam-se por muito mais tempo. Fazem-me questionar tudo e todos, inclusive a mim. Há uma parte nas memórias de Leon que me abanou de forma muito intensa. É a que se refere à sua saída do gueto para o campo de Plaszów – “… fiquei atónito ao verificar que a vida parecia igual ao que era antes. Era como se eu estivesse num túnel do tempo… ou como se o gueto ficasse noutro planeta. Pasmei para as pessoas limpas e bem vestidas, atarefadas de um lado para o outro. Pareciam tão normais, tão felizes… Não saberiam o que nós tínhamos sofrido, a uns escassos quarteirões de distância? Como poderiam não saber? (…) Que a nossa miséria, o nosso confinamento e a nossa dor fossem irrelevantes para as suas vidas era simplesmente incompreensível.” (págs. 92, 93) Os gentios polacos tinham continuado com as suas vidas, mesmo com um gueto dentro de portas. Optaram por fechar os olhos e ignorar que a fome, as condições desumanas, as deportações e uma máquina hedionda estavam a dizimar homens, mulheres e crianças apenas porque professavam uma religião diferente. É óbvio que nem todos viraram a cara. É óbvio que muitos ajudaram como puderam aqueles que até ao dia 1 de setembro de 1939 haviam sido seus vizinhos. Mas a grande maioria baixou a cabeça e preferiu ignorar, não saber. Deixou-se tolher pelo medo e pelo instinto de sobrevivência. E aqui me pergunto? Será que eu, se me visse em pleno palco de uma guerra de proporções mundiais, a poucos metros de um cenário de matança desenfreada e injustificável, me encolheria, olharia para o outro lado ou me levantaria contra o mal e tentaria fazer a diferença? Quero acreditar que seria forte e audaz como o foi Oskar Schindler ou tantos e tantos anónimos alemães, polacos, austríacos, holandeses, belgas ou franceses, mas… seria capaz? É por isso que os olho a todos e, neste caso, a Schindler como um herói, um ser extraordinário que sempre merecerá a minha total admiração. E é também por isso que sigo com a minha obsessão, que procuro de forma quase doentia narrativas totalmente verídicas ou baseadas em factos verídicos sobre as Grandes Guerras ou sobre a Guerra Civil Espanhola. Porque as mesmas são um ensinamento, são lições que nunca deveremos esquecer e são testemunhos do pior e do melhor que nos compõem como seres humanos.
Leon Leyson faleceu no início de 2013, um dia depois de entregar o manuscrito final deste livro à editora. Havia cumprido a sua missão. A mim só me resta agradecer-lhe a partilha. Tornou-me mais rica, um ser melhor. Como leitora, continuo a sua missão e peço-vos que façam o mesmo que eu. Não deixem que o mundo se esqueça de Leon ou de Oskar Schindler. Por favor.

Com esta leitura participo no desafio literário do Goodreads Leituras do Holcausto III. Obrigada, Isa!


NOTA – 10/10

Sinopse

Leon Leyson tinha apenas dez anos quando os nazis invadiram a Polónia em 1939 e a sua família foi forçada a viver no gueto de Cracóvia. Neste seu livro de memórias, Leon começa por nos descrever uma infância feliz, na sua aldeia natal e felizmente para a família, o seu caminho cruzar-se-ia com o de Oskar Schindler que os incluiu na célebre lista dos trabalhadores da sua fábrica. Na altura com apenas 13 anos, Leon era tão pequeno que tinha de subir para cima de um caixote de madeira para chegar aos comandos das máquinas. Ao longo desta história, que reproduz com autenticidade o ponto de vista de uma criança, Leon Leyson deixa-nos entrever, no meio do horror que todos os dias enfrentavam, a coragem, a astúcia e o amor que foram necessários para poderem sobreviver.

O planeta branco, de Miguel Sousa Tavares


Ficha técnica
TítuloO Planeta Branco
Autor – Miguel Sousa Tavares
Editora – Clube do Autor
Páginas – 92
Datas de leitura – 15 de janeiro de 2018

Opinião
Não sou particularmente a admiradora mais acérrima de Miguel Sousa Tavares. Recordo-me de ter lido e devorado há muitos anos a sua obra mais conhecida – Equador – e de ter lido também Rio das flores. Deixei de lê-lo por causa de uma antipatia que foi crescendo à medida que me enfurecia com as suas opiniões parciais e pouco ou nada abonatórias sobre determinados assuntos. A partir de uma certo ponto, recusei-me a ouvi-lo e a lê-lo e só concordei em fazer um parênteses nessa recusa quando abri um dos saborosos envios da Clube do Autor, dentro do qual vinham duas obras – uma de ficção adulta e O planeta branco, obra juvenil do filho de Sophia de Mello Breyner.
Ao ter o livro nas mãos, reparei de imediato na sua capa de lombada dura. Folheei-o e fiquei agradada com as ilustrações que acompanham a narrativa. Fiquei ainda curiosa com o seu título – qual seria o planeta branco? Referir-se-ia a algum planeta do nosso sistema solar ou a algum planeta inventado, desconhecido?
Com apenas 92 páginas e um número considerável de ilustrações de tamanho também ele considerável, a história de O planeta branco lê-se de uma assentada. Reporta-nos a viagem de três jovens astronautas a bordo da nave Ítaca 3000 e que partiram em busca do planeta Orizon S-3 para comprovar se o mesmo teria as condições necessárias para armazenamento de água. A viagem correu sem sobressaltos até que, ultrapassado o segundo sistema solar, a nave começou a ser desviada da rota sem que nem os astronautas nem os responsáveis da iniciativa em Terra pudessem fazer alguma coisa para evitar o desfecho que se supunha trágico. E mais não conto.
Como leitora adulta, digo que gostei bastante desta obra. Gostei da abordagem ecológica que alerta para o quanto o Homem está a destruir o planeta que habita e a dizimar os seus recursos naturais. Gostei das diferenças de personalidade dos três astronautas que comandam a missão espacial. Gostei da descrição da viagem pelo nosso sistema solar e gostei muito da visão e da simbologia que associam as estrelas, o infinito e o planeta que dá título à obra a um lado mais transcendental e portador de possíveis respostas para questões que nos inquietam como seres humanos.
Como mãe de um leitor pré-adolescente, recomendo O planeta branco. É uma leitura fácil, rápida, com uma linguagem acessível e uma trama bem conseguida que alia ação, algum mistério, humor ao conhecimento dos astros e de outros possíveis sistemas solares, às preocupações ecológicas e ao quanto o infinito que espreitamos quando observamos o céu pode explicar algumas das inquietações dos Homens.
Por fim, como mulher que detesta injustiças, tenho que admitir que esta leitura me fez dar uns dedos da minha mão à palmatória, separar um bocadinho o homem do autor e diminuir um pouco a minha intransigência face ao que Miguel Sousa Tavares já publicou e possa vir a publicar.
Resta-me agradecer, mais uma vez, à editora Clube do Autor o envio surpresa da obra. Aqui está a correspondente opinião sincera.

NOTA – 08/10

Sinopse

Lydia, Lucas e Baltazar constituem a tripulação da nave Ítaca-3000. Numa fase em que o ciclo de vida natural está alterado, é preciso pôr em marcha uma missão de salvamento do planeta Terra. Por isso a Ítaca-3000 parte do deserto do Sahara com um único objectivo: descobrir água no planeta Orizon S-3. Durante dois meses de viagem, tudo decorre com normalidade. Os astronautas dedicam-se apenas a missões de rotina e consolidam a amizade que os une. Mas quando entram no Terceiro Sistema Solar, descobrem um planeta habitado por uns seres muito especiais e que julgavam não existir, O Planeta Branco é uma história que aborda não apenas as grandes questões da actualidade, como a poluição atmosférica, a destruição das florestas ou as alterações do clima, mas que constitui, também, um hino à vida e à bondade. E que nos diz que, afinal, um mundo melhor é possível. As ilustrações de Rui Sousa completam a magia desta história.

As lágrimas de Aquiles, de José Manuel Saraiva


Ficha técnica
TítuloAs lágrimas de Aquiles
Autor – José Manuel Saraiva
Editora – Clube do Autor
Páginas – 290
Datas de leitura – de 11 a 14 de janeiro de 2018

Opinião
Esta obra é a primeira obra do autor José Manuel Saraiva. Foi publicada em 2001 e em novembro de 2017 reeditada pela Clube do Autor com uma capa lindíssima e que nos abre o pano para o tema central da sua narrativa – a Guerra no Ultramar.
Nuno Sarmento é um jovem que frequenta a Universidade de Coimbra. Está enamoradíssimo de Catarina e contempla o futuro com paixão, com alegria. Contudo, no mais fundinho da sua consciência sabe que os seus planos e sonhos estão manchados por algo a que não poderá escapar – a inspeção militar, o muito provável apuramento para todo o serviço militar e o cumprimento do mesmo em terras do Ultramar, onde o Império Português tentava desesperadamente não fenecer.
Não sei muito sobre a Guerra em África. Nunca li muito sobre o assunto e também é verdade que, na escola, esta matéria foi dada “pela rama” e apenas num ano letivo, enquanto as dinastias afonsina, de avis e outras foram abordadas “vezes sem conta”. Sendo assim, foi com muito entusiasmo que abracei esta obra quando a recebi no correio, diretamente da editora, a quem agradeço muitíssimo o envio.
Como de costume, o maridinho leu-a primeiro do que eu e avisou-me de imediato de que iria gostar muito de ler a história do Nuno e da sua experiência militar em terras guineenses. Ainda fiquei com mais expectativas quando me dei conta de que a mesma figurava no seu TOP 10 das melhores leituras de 2017.
As lágrimas de Aquiles está embrenhada numa amargura que soa muitas vezes a resignação e a abatimento. Apercebemo-nos disso logo nas suas páginas iniciais quando compreendemos o quanto os anos de guerra foram cruciais para o resto dos anos da vida de Nuno – “Já nada sou, meu irmão. Invade-me um desmesurável cansaço, uma insuportável sensação de inutilidade de vida.” (pág. 25) Desde que embarcou para a Guiné que Nuno nunca mais foi o mesmo. Tudo o que viu, o que experienciou, tudo que o marcou, tudo o que a guerra lhe tirou, tudo foi demasiado amargo, doloroso e principalmente inútil. Combateu, junto com os seus companheiros de batalhão, uma guerra que ninguém lhe fez o favor de explicar. Perdeu dias, meses e anos da sua juventude para travar o fim de um império que estava moribundo há algum tempo. Sentiu a morte ao seu lado, sentiu medo, angústia, terror numa terra estranha, situada a milhares de quilómetros do seu país e que nada lhe dizia – “… o meu lugar não era aqui. O meu verdadeiro lugar era no meu país.” Combateu o suposto inimigo, viu camaradas perderem a vida por causa de estilhaços de granadas, de tiros ou de minas e sabia que o próximo poderia ser ele. Mas combateu sobretudo os seus demónios e uma solidão que o afogava num aquartelamento repleto de homens que também se defrontavam com os seus demónios e horas infinitas de inatividade. No fim, sobreviveu, nenhuma bala, granada ou mina lhe ceifou a vida. Tornou-se um sobrevivente, regressou ao seu país. Contudo, não regressou inteiro. Em África, na Guiné deixou a alegria, o amor, a esperança, a vida. Regressou com a alma mutilada e com a certeza absoluta de que, se tivesse morrido, a sua morte seria, como todas as outras, uma morte para nada.
Dói ler narrativas como esta. Dói porque se baseiam na realidade. Na realidade do autor (também ele um ex-combatente do Ultramar) e na realidade de muitos jovens portugueses que ou deixaram a vida nas matas de um país que não era o seu ou regressaram da experiência feridos na alma, transformados, fechados sobre si mesmos e sem um lugar e um propósito na vida. Dói porque são a confirmação do quanto um punhado de homens tem o poder de manobrar a seu bel-prazer com a vida de inocentes, enviá-los para a frente de combate e matá-los. E para quê? Para nada…
Por tudo o que referi, é fácil perceber que o maridinho acertou no seu prognóstico. Gostei muito desta obra, apesar de não ter derramado as lágrimas que ele estava à espera que eu derramasse. Porém, por vezes, não é necessário chorar para sentir o impacto de uma história. Estive sempre ao lado do Nuno, apeteceu-me abraçá-lo, embalá-lo, limpar-lhe as lágrimas de guerreiro e, acima de tudo, vi-o como alguém real, uma personagem que poderia ser o meu pai, o meu tio ou um amigo próximo da família. Compreendi as suas dúvidas, as suas revoltas, as suas frustrações, as suas ações e as suas fragilidades. Compreendi a vontade irrefreável que experimentou, anos depois, e que o levou de novo à Guiné. Compreendi tudo isto e compreendi que José Manuel Saraiva se estreou no mundo das letras ficcionadas com muita maturidade, revelando-se um autor que transporta para as suas histórias e sobretudo para as suas personagens a serenidade e a força do seu olhar.
Termino recomendando esta leitura e agradecendo de novo à editora Clube do Autor, que me enviou a obra em troca de uma opinião sincera.

NOTA – 09/10

Sinopse

Baseada nas experiências do autor na Guerra do Ultramar, As Lágrimas de Aquiles é uma história de ficção sobre o amor, a saudade, a guerra e as escolhas que se tornam a nossa vida. Ou que acabam com ela.

Melhores leituras de 2017 - parte II


Não sei como pôde acontecer, mas esqueci-me de incluir no balanço das melhores leituras de 2017 uma das obras que mais me marcaram no ano que terminou há duas semanas. Refiro-me a Eu Confesso, de Jaume Cabré e só me apercebi desse lapso imperdoável quando hoje, ao preparar-me para publicar alguns comentários deixados por seguidores deste cantinho, li o de Ana Macedo, que salienta, entre outras coisas, o facto de ter sido eu a “culpada” de ela ter lido a obra de Jaume Cabré e de a mesma figurar no TOP 10 das suas leituras de 2017.
Poderia não concordar com a Ana, poderia ter propositadamente deixado de fora do meu TOP Eu Confesso, mas não foi o caso. Foi um esquecimento sem explicação e que estou a tentar remediar agora, porque não estaria a ser justa comigo nem com a genialidade da obra se não me tentasse redimir e não engordasse o balanço, acrescentando-lhe a obra-prima de Jaume Cabré. Sendo assim, em 2017 foram dezasseis e não quinze as leituras que mais me preencheram e arrebataram!
Deixo um fragmento da opinião completa que escrevi em maio. Clicando no título, poderão aceder à opinião na íntegra.

Eu confesso, de Jaume Cabré



Há muito para dizer sobre esta obra. Mas prefiro não me alongar. Prefiro deixar que Cabré vos surpreenda e vos aturda como me fez a mim. Prefiro que os leitores que lerão esta opinião embarquem nesta odisseia de mais de setecentas páginas, que façam a sua própria viagem e sintam que nem no seu desfecho o autor deixa de ser genial.




Aproveito este anexo que faço ao meu balanço anual para deixar aqui registado o TOP 10 das leituras do maridinho e TOP 8 do mais novo da casa:

Melhores leituras do maridinho (a ordem é aleatória):
§  O último dos nossos, de Adélaide de Clermont-Tonnerre
§  A vida inútil de José Homem, de Marlene Ferraz
§  Limões na madrugada, de Carla M. Soares
§  As lágrimas de Aquiles, de José Manuel Saraiva
§  Imaculada, de Paula Lobato Faria
§  O último adeus, de Kate Morton
§  O rouxinol, de Kristin Hannah
§  As horas distantes, de Kate Morton
§  Morrer sozinho em Berlim, de Hans Fallada
§  Corações de Pedra, de Simon Scarrow



Melhores leituras do filhote (a todas atribuiu um DEZ)
§  Jogo Perigoso, de Gerard Van Gemert
§  Manobra tática, de Gerard Van Gemert
§  Tempo de descontos, de Gerard Van Gemert
§  Força Mental, de Gerard Van Gemert
§  O novo craque, de Gerard Van Gemert
§  Os Indomáveis FC – O mundo é uma bola, de Álvaro Magalhães
§  Os Indomáveis FC – Nada é impossível, de Álvaro Magalhães
§  Os Indomáveis FC – Amor e futebol em Madrid, de Álvaro Magalhães
§  Pedro Alecrim, de António Mota



Que 2018 siga com leituras que nos deixem um sabor inesquecível! Obrigada, Ana Macedo, pelo comentário! Se não fosse por ele, muito provavelmente não me daria conta do lapso inadmissível que cometi! É ótimo constatar que o meu cantinho tem seguidores atentos e muito fiéis 😍


A sombra do vento, de Carlos Ruiz Zafón


RELEITURA

Ficha técnica
TítuloA sombra do vento
Autor – Carlos Ruiz Zafón
Editora – Publicações Dom Quixote
Páginas – 507
Datas de leitura – de 1 a 10 de janeiro de 2018

Opinião
Há leituras que nos esperam. Um mês, um ano ou dez anos, como o fez A Sombra do vento. Esperou na estante dez anos para que eu esticasse o corpo, a agarrasse e recordasse que todos os livros que compõem as variadíssimas estantes que ocupam paredes e nichos da minha casa estão ali, estão vivos e querem ser recordados.
Um dos meus propósitos enquanto leitora para este novo ano passa por fazer aquelas releituras que me chamam há algum tempo e que vou aludindo uma e outra vez quando partilho essas vontades com o maridinho. A primeira calhou ser a obra que abre a saga do “Cemitério dos livros esquecidos”, simplesmente porque o ditou a ordem cronológica. O livro que está à espera da sua vez na prateleira dos não-lidos é o último da referida saga – O labirinto dos espíritos – e, como o hiato temporal entre o mesmo e A sombra do vento era já, como disse, de dez anos, quis juntar o útil ao agradável, ou seja, quis dar azo à minha vontade de fazer releituras e ao mesmo tempo recordar como entrei no mundo do cemitério mais gostoso de todos e na vida de Daniel Sempere e do seu melhor amigo, o inesquecível Fermín Romero de Torres.
Sabia, desde que a tirei da estante e a segurei, que tinha nas mãos a leitura a que iria atribuir a primeira nota máxima em 2018. Mas, caramba, não tinha noção de que a releitura iria ser ainda melhor do que a primeira leitura que fiz em 2008!
A obra de Zafón é perfeita e encaixa magistralmente nos meus gostos. Envolve-nos numa aura que recorda narrativas góticas, típicas do século XIX, a própria linguagem tem contornos algo barrocos, mas que não impedem de maneira alguma que penetremos na narrativa e nos rendamos a ela, sem opor qualquer resistência.
Tenho plena consciência de que fui prisioneira desta história de “livros malditos, do homem que os escreveu, de uma personagem que se escapou das páginas de um romance para o queimar, de uma traição e de uma amizade perdida. [De] uma história de amor, de ódio e dos sonhos que vivem na sombra do vento.” (pág. 192). Sei que me perdi e me encontrei nas ruas de uma Barcelona que não conheço tão bem como gostaria de conhecer. Percebo que me enredei numa narrativa sublime, deliciosamente bem construída, que me agarrou desde a visita que Daniel faz ainda criança, pela mão do seu pai, ao Cemitério dos Livros Esquecidos e da qual sai para nunca mais ser o mesmo. Compreendo que me apaixonei sem remédio pelo lado inocente e ingénuo de Daniel; pela picardia e lábia de Fermín, pelo seu lado sedutor, de cavalheiro que conhece como ninguém a vida porque a viveu como ninguém; pela loucura de Julián Carax e pelas suas ações extremistas movidas por um amor que não morre nunca; por Bea, Nuria e Penélope, as três personagens femininas que se destacam na narrativa e que demonstram o quanto as mulheres são de fibra, de garra e dispostas a tudo para poderem abraçar a felicidade e o homem que amam descontroladamente. Constato que continuo a sentir que as entranhas se me revolvem quando recordo o quanto tive vontade de esbofetear, surrar e apertar o pescoço à personagem odiosa e execrável de Javier Fumero. Apercebo-me de tudo isto e de muito mais e quero voltar a sentir-me assim, prisioneira e escrava de uma leitura, de uma trama que me deixou suspensa e enfeitiçada até ao seu desenlace em ondas de mistério, dor, loucura, horror, medo, guerra, amizade, amor, paixão, lealdade e esperança.
Creio que já disse muito e não disse nada, pois nunca serei capaz de fazer jus ao quanto esta obra é redondamente perfeita. Poderia realçar o que referi em parágrafos anteriores, abrir um sorriso e exclamar que também eu caí nos ardis de Fermín, que também eu me apaixonei sem volta pela sua personagem única e inesquecível, destacar a mistura harmoniosa e deliciosamente saborosa entre ambiente, espaços, personagens, mistério, emoções e livros que compõe A sombra do vento que mesmo assim sentiria que este texto não estaria a refletir a beleza da obra, o quanto ela possui aquilo que eu sempre busquei, busco e buscarei numa leitura – um arrebato total, uma prisão que rogo que me encarcere e me ponha de sorriso pateta na cara e uma vontade incontrolável de gritar, dançar, chorar, rir, abraçar e agradecer à vida ter-me feito, há muitos anos atrás, conhecer uma professora que me incentivou a ler para melhorar a nota a Português.
Fico-me por aqui. Não consigo dizer mais nada. Só vos peço que leiam esta obra ou que a releiam, como eu o fiz. Não permitam que ela não faça parte da vossa vida.

NOTA – 11/10 (Tinha que ser – este rebenta a escala!)

Sinopse
Numa manhã de 1945, um rapaz é conduzido pelo pai a um lugar misterioso, oculto no coração da cidade velha: o Cemitério dos Livros Esquecidos. Aí, Daniel Sempere encontra um livro maldito que muda o rumo da sua vida e o arrasta para um labirinto de intrigas e segredos enterrados na alma obscura de Barcelona.

Juntando as técnicas do relato de intriga e suspense, o romance histórico e a comédia de costumes, "A Sombra do Vento" é sobretudo uma trágica história de amor cujo eco se projecta através do tempo. Com uma grande força narrativa, o autor entrelaça tramas e enigmas ao modo de bonecas russas num inesquecível relato sobre os segredos do coração e o feitiço dos livros, numa intriga que se mantém até à última página. 

Melhores leituras de 2017

Para saberem quais as leituras que me arrebataram no ano que terminou há dias, cliquem aqui.

Agradeço imenso a todos que deambulam por aqui, engordando e fazendo com que este meu cantinho esteja cada vez mais “crescido”. Espero que se mantenham aí, que me continuem a fazer companhia e que este ano que ainda agora começou transborde de emoção, de partilhas, de sensações arrebatadoras, de conhecimento e de leituras inesquecíveis, prenhes de sabor!
Beijinhos e leituras muito saborosas 😋


Balanço mensal - livros recebidos e adquiridos em dezembro



Estes são os novos habitantes da estante. Quase todos eles estiveram bastantes dias debaixo da árvore, à espera de saltar de lá para a prateleira no dia em que as luzes brilham com um gostinho especial, os sorrisos espalham-se pelo rosto e me sinto mais completa porque estou rodeada daqueles de que mais gosto.
Não recordo o último Natal em que não recebi ou ofereci leituras. Este foi apenas mais um. Ofereci-as a quem sei que ler aquece e traz companhia. Recebi de quem sorri perante a alegria de criança que me inunda quando me põem nas mãos um embrulho retangular, compacto e pesado.
Este Natal recebi obras de três autoras portuguesas – A construção do vazio, de Patrícia Reis; Onde cantam os grilos, de Maria Isaac e As falsas memórias de Manoel Luz, de Marlene Ferraz. Patrícia Reis mora cá em casa há muitos anos e esta é a décima obra dela que ocupa o seu lugar na prateleira. Joel Neto descreve Maria Isaac (ou será o seu romance?) como “A pérola escondida da ficção nacional” e esse epíteto seria, por si só, razão mais do que suficiente para Onde cantam os grilos figurar na minha wishlist. Mas se aliarmos esse elogio rasgado à sinopse que me atraiu e me engasgou de entusiasmo, percebem que esta obra tinha que vir cá para casa. De Marlene Ferraz não li nada, ou melhor, li opiniões e comentários que recomendam vivamente a sua obra A vida inútil de José Homem que vive na estante desde abril de 2017, à espera que chegue a sua vez na cronologia das minhas leituras. O maridinho já a leu, adorou-a, comentou que eu também a iria adorar e não teve dúvidas em oferecer-me As falsas memórias de Manoel Luz (de certeza que a lerá muito antes do que eu…)
Ao maridinho o Natal presenteou-o com três obras, todas elas de romance histórico, o seu género predileto. Completou a trilogia de José Rodrigues dos Santos com O reino do meio, viajará ao início do século XX com O ano da dançarina, de Carla M. Soares e regressará ao conflito pelo qual somos obcecados através da obra As mulheres no castelo, de Jessica Shattuck.
O mais novo da casa recebeu um tesourinho ao qual seguramente não ficará indiferente – História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar, de Luís Sepúlveda.
Já confessei em textos anteriores que não consegui resistir às inúmeras promoções que me atazanaram a caixa de mensagens, caixa de e-mail e todos os sentidos sempre que me dirigia a uma livraria ou a alguma grande superfície. Assim sendo, vi-me obrigada a comprar uma obra recomendadíssima pela Isaura de O jardim de mil histórias e que é dona de um dos títulos mais originais que conheço – A sociedade literária da tarte de casca de batata, de Mary Ann Shaffer e Annie Barrows – e O segredo da minha irmã, de Diane Chamberlain, na esperança de que esta possa oferecer-me narrativas que me prendam e me arrebatem como o fazem as de Kate Morton.
Por fim, provenientes de uma Feira Solidária que teve lugar na escola do filhote, vieram na sua mochila (para mimar a mamã) a coletânea de textos O prazer da leitura, de autores vários, como Ondjaki ou Afonso Cruz, e Espero por ti este inverno, de Luanne Rice.
Onze novos habitantes de uma estante que não para de engordar. Onze novos habitantes que me trarão companhia, me acariciarão, me levarão de viagem a novos lugares, a novas sensações e ganharão o seu cantinho dentro de mim, como um amigo especial e único.
Digam, partilhem se também foram acarinhados com novas leituras. Ficarei a aguardar os vossos comentários.

Entretanto, prometo que nos próximos dias encerro 2017 aqui no blogue com o rescaldo das melhores leituras do ano de todos daqui de casa. Até lá, continuarei a deliciar-me com a releitura de A sombra do vento, de Zafón. Sabia que ia ser mágica, mas não imaginava que tivesse tanto, mas tanto sabor!

Balanço mensal - livros lidos em dezembro


O último mês do ano é sempre um mês esgotante e intenso a nível profissional e a nível pessoal. Sinto-me constantemente atordoada pelo acumular de trabalho, pelas listas de coisas a fazer que parecem não terminar nunca, por aquela prenda que ainda falta comprar, pelo último detalhe para a ceia de Natal, pela voz da consciência que me atormenta por não dedicar mais tempo aos meus, enfim, por um turbilhão de afazeres e emoções que apenas começa a esvair-se após as festividades natalícias.
Porém, cada vez que sofro as agruras de meses tão penosos como dezembro ou, como referi no balanço anterior, novembro, mais me refugio nas leituras e consigo, de forma extraordinariamente contraditória, ler mais do que meio em meses mais tranquilos. E este foi de novo prova disso, pois li sete obras, cinco “adultas” e duas dirigidas ao público juvenil.
A obra que iniciou dezembro é protagonizada por uma das personagens que mais me apeteceu esbofetear nos últimos tempos. Que raça de homem convencido, emproado, altivo e egocêntrico! Senti várias vezes vontade de abandonar a leitura, porque tudo em mim se irritava e enfurecia perante tamanha sobranceria do protagonista. Contudo, à medida que ia avançando na leitura, ia acalmando ao ânimos, sobretudo porque ia entendendo por que razão a obra se intitula O últimos dos nossos e ia tirando prazer e conhecimento de como os alemães foram resistindo ao estertor da Segunda Grande Guerra; de que os cientistas que haviam estado por detrás da invenção dos mísseis balísticos V2 foram e outros elementos do partido nazi foram acolhidos pelos Estados Unidos logo após o final da guerra e de que os horrores praticados em Auschwitz não se resumiram apenas ao envio massivo de judeus para a morte nas câmaras de gás. Por tudo isto, considero que fiz bem em dar razão à minha habitual resistência em abandonar leituras a meio e que a obra de Adélaide de Clermont-Tonnerre abriu as portas para um mês de saborosas leituras.
As duas leituras que se seguiram vieram da biblioteca e às duas atribuí a nota máxima. Como não atribuir o almejado dez a um conto do meu querido Saramago e a uma obra que aponta o foco da Segunda Guerra Mundial para outros espaços que não os recorrentemente abordados?
O conto da ilha desconhecida lê num sopro, mas aquilo que se retira das suas poucas páginas fica dentro de nós, como um agasalho quentinho que nos conforta. Mordi as saudades de ti, Saramago, apaziguei-as e propus-me reler-te mais vezes. E é o que farei em 2018!
Cidade de ladrões faz-nos recuar ao ano de 1941, quando as tropas nazis cercaram a cidade de Estalinegrado e a apertaram durante quase dois anos, levando a que os seus habitantes ou perecessem ou sobrevivessem em condições atrozes. Dois desses habitantes são presos no mesmo dia e, se quiserem recuperar a sua liberdade, terão que levar a cabo uma missão impossível numa cidade cercada, constantemente bombardeada e que vive debaixo de temperaturas geladas. Lev e Kolya não baixam os braços e percorrem as ruas da sua cidade e espaços mais rurais em busca da resposta a essa missão e, no curto espaço de tempo que têm para concretizá-la, deixam um rasto de conversas inesquecíveis e hilariantes, de aventuras repletas de perigo, de artimanhas fabulosas, de coragem misturada com medo e sobretudo de uma amizade que ninguém conseguirá esquecer. David Benioff arquitetou uma obra sublime e é uma pena que a mesma apenas possa ser adquirida em alfarrabistas ou encontrada como bibliotecas, porque no mercado atual está esgotada…
A quarta leitura resultou de mais uma parceria que tenho no blogue e foi extremamente saborosa. Limões na madrugada foi a segunda que li de Carla M. Soares e veio provar o quanto o estilo da autora amadureceu se refinou. Inchei de orgulho ao comprovar que a narrativa voltava a privilegiar espaços da Cidade Invicta (tal como havia acontecido com a outra obra que li da autora – O Cavalheiro Inglês), mas senti-me ainda mais satisfeita por estar perante o testemunho de que se continua a escrever muito bem em português e que Carla M. Soares está a ganhar por mérito próprio o seu lugar na literatura nacional. A obra tem um toque muito feminino, mas extravasa-se para outros campos – alia o lado mais íntimo, mais familiar, mais emotivo a acontecimentos e ações muito reais e imperfeitas como todos nós somos.
As três últimas leituras do mês e, consequentemente, do ano foram as menos satisfatórias, mas ainda assim com ingredientes suficientes para entreter-me e facultar-me momentos agradáveis.
Nove mil dias e uma só noite, de Jessica Brockmole tem a bonita particularidade de estar recheada de várias trocas de cartas e de nos fazer sorrir e sonhar perante uma inesquecível história de amor que ultrapassa barreiras geográficas, bélicas, temporais e familiares.
Desnorte é uma coletânea de contos de Inês Pedrosa e veio confirmar aquilo que já havia concluído aquando da leitura de Desamparo – um estilo limpo, sereno, suave e que aborda dessa forma a realidade atual e o quanto as relações e o que nos rodeia moldam o carácter das personagens e das pessoas.
A sétima e última leitura foi partilhada com o meu filho. Foi consequência de tarefa escola trazida para férias e não encantou nem a um nem a outro. Ao D. foi muito difícil compreender as páginas iniciais de Missão Impossível e a mim, crédula por natureza e avessa a narrativas com muita fantasia, foi sobretudo uma leitura sinónima de dever e não de prazer. Mas, como referi, sou sempre parcial quando leio algo fantasioso, pois, logo à partida, entro na narrativa desconfiada e pondo em causa personagens, espaços ou ações que advenham do que não é real.
Dei-me agora conta de que este balanço já está enorme. Por essa razão, vou fazer algo que nunca fiz. Vou ficar por aqui e escrever outro texto, outro balanço onde partilhe convosco que obras chegaram à estante em dezembro. Fica prometido que o farei o mais breve possível.
Termino deixando-vos os links para acederem à opinião completa das obras lidas este mês:
§  O último dos nossos, de Adélaide de Clermont-Tonnerre
§  O conto da ilha desconhecida, de José Saramago
§  Cidade de ladrões, de David Benioff
§  Limões na madrugada, de Carla M. Soares
§  Nove mil dias e uma só noite, de Jessica Brockmole
§  Desamparo, de Inês Pedrosa
§  Missão Impossível, de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada

E vocês? Que leram para encerrar 2017? Fico à espera dos vossos comentários!